PÁGINAS

sexta-feira, novembro 05, 2010

O botequim



Chegando ao boteco perguntei:

- Você vende paz?

Ao que me responderam.

- Não vendo alpiste.
- E alegria, tem?
- Aqui não é circo?
- Mas paciência você tem?!
- Tenho mas não vendo.
- E o que você vende então?
- Só ilusão.  (Clique aqui e leia tudo)

Então, pacientemente, encheu um copo e me ofereceu.

- Desculpe mas não bebo!
- Tem algo sem álcool?

Olhou-me impaciente e perguntou.

- Diet ou normal?

Normal,respondi.
Ilusão barata, retrucou.

- É um pouco mais doce, né?!
- Há quem diga o contrário.
- E o senhor, o que me diz?
- Depende do momento... e no momento eu prefiro algo mais real, como a vida.
- Por falar nisso, você tem?
- Acabou!
- E realidade ?
- Acabou com a vida.
- Vende muito é ?
- Na realidade não, tive que jogar fora, pois o prazo de validade estava vencido, sabe como é né, a fiscalização cai em cima.
- Acho que vou aceitar a ilusão.
Ao oferecer-me o copo cheio, tomei de uma só vez.
- Quanto devo?
- Foi um prazer!
- Tem troco pra dez prazeres?
- Pague na morte.
- Onde fica?
- Ao lado do purgatório masculino.
- Ok, obrigado!
- Volte sempre.
- É dificil, estou só de passagem, vou seguir a estrada e não pretendo voltar.
- Vá saber.
- Onde fica a saída dos fundos?
- Após o suicídio a esquerda.
- Tchau
- Até.

Olhei de longe e verifiquei que a porta dos fundos estava fechada, tive que dar outra volta pra encontrar o carro e seguir viagem, deixei os dez prazeres na morte, ela não tinha troco.



Nilo dos Anjos
Dedicatória: dedicado a: leitores do Site

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